Eu tenho um grande amigo, uma pessoa muito
especial, que eu admiro muito.
Ele mora há alguns anos na Ásia e há 2 anos
ele se dedica à um trabalho em uma organização não governamental na Índia.
Ele trabalha praticamente como voluntário
esse tempo todo, recebe comida, moradia e carinho. Quando fala de seu trabalho
e seus olhos enchem d’água é que a gente
precebe a dimensão do amor que ele recebe ali.
Lá só estudam meninos e todos moram na
escola.
Fiquei realmente chocada quando ele me
contou que em 2 anos nunca tinha visto uma
briga, uma briga sequer, em um lugar
cheio de meninos adolescentes, com hormônios à flor da pele.
Pensei muito no meu trabalho na Ong e na minha luta diária contra a violência
gratuita, a falta de respeito mútuo e a
falta de gentileza.
A diferença era tão gigante, que a
comparação foi inevitável.
Tudo bem, existem as diferenças culturais ,
que nem precisamos discutir aqui.
Mas os dois países sofrem com a desigualdade
social e a pobreza, neste aspecto somos
semelhantes.
Então como nós dois, trabalhando em projetos
tão parecidos podíamos viver realidades tão opostas?
Acredito que no trabalho do meu amigo existe
uma coisa que faz toda a diferença: as crianças praticam yoga e meditam desde muito cedo.
Em várias escolas na Índia a prática de yoga
faz parte da rotina das crianças e estudos já comprovaram uma lista infinita de
benefícios para a saúde dos pequenos.
Isso tudo me faz pensar na cultura que estamos
criando de super valorização do material e da aparência.
Aqui as crianças estão sendo educadas para
serem pessoas bem sucedidas profissionalmente e finaceiramente.
As escolas pensam desde a pré escola, quais
instrumentos irão oferecer para essa
criança passar no melhor vestibular, e ter o emprego mais brilhante do
universo.
Pronto, essa é a fórmula da felicidade e da realização
pessoal.
Claro que isso tudo é muito importante , mas
não deve ser o único aspecto valorizado na formção escolar.
As crianças estão aprendendo inglês,
espanhol, mandarim, mas muitas vezes não sabem mais brincar, compartilhar.
Elas já escrevem com 5 anos, já conhecem todas as tecnologias, mas não dizem obrigado,
por favor, não sabem elogiar, não percebem quando você está triste, ou zangado
e não sentem compaixão quando passam por um mendigo dormindo ao relento no
frio.
Eu não sei qual é o mundo que meu filho vai
herdar, mas gostaria de deixar para o mundo um ser humano equilibrado, feliz,
respeitoso.
Acho que deveria haver uma reforma no
pensamento da sociedade quanto à forma de educar, afinal será que a prática da
caridade, o exercício da compaixão e a espiritualidade, tão importantes para a
formação integral do indivíduo não poderiam fazer parte do universo escolar?
Talvez
a nossa cobrança em sermos perfeitos está fazendo com que a gente se esqueça do principal, que é viver com amor,
simplesmente.
Um ótimo dia para vocês , pessoas de bem.
Namastê