Comecei na semana passada o curso de formação de
professores do Yoga com histórias, aqui
em São Paulo.
Foi tudo muito bacana, primeiro porque o João e a Rosa
são pessoas doces e incríveis, dessas que rapidinho fazem a gente se sentir
parte de um grande projeto. E depois porque vivemos durante esses dois dias dentro de um universo infantil, de histórias e de yoga.
Me senti de novo criança, ouvindo as
fantásticas histórias que João contava e
como, num passe de mágica nos transformava em seus personagens.
Falamos muito sobre a importância de se
contar histórias para as crianças, como elas se sentem seguras, acolhidas e como
através das aventuras dos personagens elas vivenciam seus próprios medos, angústias
e com isso elas conseguem muitas vezes
encontrar no imaginário soluções para a
vida real.
Mas eu acredito muito na importância de se contar
histórias também para os adultos.
Me lembro de
uma palestra que assisti com meus amigos
professores em uma ONG na comunidade de Paraisópolis.
A palestrante era uma contadora de histórias
profissional que trabalhava em um grande projeto que levava o prazer da leitura à
lugares onde as crianças sequer conheciam livros.
O trabalho dela era lindo, ela era tão iluminada, calma e tinha uma coisa na fala
e nos olhos que emocionava.
A certa altura, ela leu para nós um livro infantil
famoso que se chama “ Adivinha o quanto eu te amo”, de Sam MacBratney.
O livro conta
uma doce disputa entre o coelho pai e coelho filho para saber quem ama
mais o outro.
E eu juro que quando ela leu a última parte ( não vou
contar aqui porque não quero estragar a história), eu CHOREI, de escorrer
lágrimas.
Vocês devem imaginar o mico que foi, uma professora ,
adulta, chorando feito criança por causa de uma inocente manifestação de amor de um
coelho pai por seu filho.
E foi mesmo, um micão, mas ao mesmo tempo aquela contadora
de histórias encantadora me olhou bem nos olhos e me perguntou o que havia
causado toda aquela emoção e fez com que eu me sentisse ” normal” por ter
chorado, por ter me expressado.
Até hoje não sei bem o que causou tanta comoção, talvez eu estivesse emotiva demais no dia, ou foi a
maneira como ela contava, mas o fato é que nunca me esqueci deste episódio.
Assim como nunca me esqueci das musiquinhas que minha mãe cantava ou das histórias
engraçadas que meu pai me contava (essas são impublícáveis aqui neste blog), ou dos contos que minha Vózinha Ninha criava da sua própria imaginação e sempre
tinham uma lição de moral no final , ou todas as histórias que minha Vózinha
Margarida contava sobre nossa família e seu passado sempre com uma riqueza
impressionante de detalhes.
Se tem uma coisa que eu aprendi é como nos tornamos
pessoas melhores quando existe em nossas vidas alguém que se preocupa e tem todo o carinho em nos
contar histórias.
Tento agora fazer o mesmo com meu filhote, meus alunos
e meus amigos e quero hoje agradecer de coração à todas essas pessoas lindas que me ensinaram muito através de seus gestos
e palavras.
Namastê
Ø Para saber mais:
·
MacBratney,
Sam. Avidinha o quanto eu te amo. Inglaterra, ED Martins Fontes, 2008
Ai minha Migo, você que me emociona com um trabalho tão lindo e tão importante no mundo materialista em que a gente vive hoje! beijos no coração ( e me perdoa pela história triste demais que te contei agora pouco! rsrs)
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